Hotelaria de SP poderá ter apagão ou nova onda de especulação?

Mesmo com 42 mil leitos, a hotelaria de São Paulo não consegue atender a demanda em alguns dias da semana, mas os novos investimentos preocupa o setor que somente agora se recupera da especulação imobiliária ocorrida no final da década de 90

A onda de especulação imobiliária em torno de hotéis que aconteceu na cidade de São Paulo no final dos anos 90 se por um lado fez surgir uma hotelaria moderna, de outro acarretou uma série de prejuízos para o setor. Muitas incorporadoras e construtoras prometiam 1% de garantia mensalmente sobre o capital investido e isto atraiu muitos pequenos investidores querendo comprar flats ludibriados com estas falsas promessas e houve uma super demanda. Em poucos anos a cidade mais do que dobrou sua capacidade hoteleira chegando próximo a 48 mil leitos. O fato de não existir na época um arcabouço jurídico para regular a questão dos flats, muitos foram construídos com o conceito residencial e as taxas de IPTU, ou mesmo água e luz eram tributadas de forma diferenciada em relação à hotelaria tradicional, o que tornou a concorrência desleal.

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Chegou-se ao absurdo de hotéis que estavam localizados no entorno da Av. Paulista, um dos metros quadrados mais caros do Brasil, e que não pagavam IPTU, pois ele era considerado residencial e a metragem de seus apartamentos era isenta deste tipo de pagamento. Houve uma série de discussões no setor e criou-se uma grande animosidade de quem era dono de flats e de hotéis e ainda hoje centenas de ações de investidores que se sentiram ludibriados por construtoras e incorporadoras estão sendo julgados e muitos tiveram causas ganhas.
O resultado desta especulação é que a oferta não acompanhou a demanda, o setor hoteleiro paulistano sofreu como um todo, pois para se manterem competitivos ou mesmo garantirem a sobrevivência do próprio negócio, muitos meios de hospedagens começaram a literalmente ‘rifar a tarifa’ como única solução possível. A diária média despencou e trouxe consigo a taxa de ocupação e somente nos últimos três anos é que São Paulo começou a recuperar a diária média e a taxa de ocupação, justamente quando terminou a construção dos últimos hotéis que surgiram na onda especulativa. Para muitos dos empreendimentos que surgiram nesta época não restou outra opção senão mudar o conceito de hospedagem para longas residências, alguns viraram república de estudantes e muitos tiveram que fechar as portas e levaram consigo tradicionais hotéis paulistanos como o Danúbio.

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